Sunday, August 14, 2005

Férias na aldeia

Vivo numa pequena aldeia rodeada de espaços verdes, tão calma que é possivel ouvir um grilo ou uma ave a uma centena de metros. Como todas as aldeias poruguesas é muito pequena, falta tudo ou quase tudo... O movimento é nulo, o silêncio é constante e em dias de calor como estes que se têm sentido ultimamente, a solidão é profunda. Apenas aqui e ali se ouve o latir de alguns cães que se fazem anunciar. É verdade que viver aqui é um tédio profundo, pelo menos, para os jovens como eu. A calma, o silêncio, a inércia total, o descanso forçado amedrontam-me e sinto medo de ficar aqui para sempre. A beleza natural da minha aldeia é deslumbrante, pelo menos na minha opinião, mas a pacatez desta terra é assustadora. Aqui vivem pessoas velhas e novas e há poucos jovens, visto que é uma terra com poucas oportunidades, e todos eles querem fugir. Daqui a vinte anos também a minha aldeia ficará deserta, então finalmente irá aparecer no mapa como terra desertificada, mais uma para as estatisticas!
O que é que afasta tanto os jovens como eu das aldeias? Porque é que desprezamos desta maneira a nossa terra? Ela não nos dá grandes oportunidades... Não nascemos para cuidar da terra, para nós a agricultura está confinada às prateleiras de supermercado, somos tão citadinos como qualquer jovem que tenha nascido na cidade, ou seja, somos tão ignorantes nesta matéria como eles, ou talvez ainda mais. Esta situação é constrangedora e não me deixa satisfeita. A verdade é que as aldeias irão extinguir-se em breve, os fogos são cada vez mais abundantes, a desertificação cada vez mais evidente, não vai restar nada, a não ser saudades...