Tuesday, January 25, 2005

Visões

Hoje, enquanto estava aborrecida e entediada de estudar uma língua sem nexo: o castelhano, reparei para um pormenor muito belo, bem, na verdade até era bastante comum. Em cima de uma árvore estava um pássaro, um melro que é simplesmente o meu pássaro favorito e ali estava ele, de perfil para a janela, ausente, estranho, convencido da sua liberdade,mas esteve ali durante muito pouco tempo, num ápice partiu. Para onde é que ele foi? Julgo que nunca o saberei, talvez nem o melro saiba porque voou para outro lugar qualquer, apenas lhe apeteceu partir, logo partiu! Essa é a principal diferença entre ele, o pássaro, e nós, os humanos. O melro pode fazer o que lhe apetece, já nós estamos sempre presos a algo ou a alguém e arranjamos sempre uma série de pretextos para não nos mexermos, ao contrário do pássaro que é um ser "instintivo" nós somos seres "pensantes" mas isso não nos torna superiores, pelo contrário, ele é bem mais feliz porque vive, enquanto nós ponderamos quando é que é a melhor altura para começar a viver! O bom senso é inibidor da acção e quanto menos se age mais vontade se tem de ficar inapto! Assim se vive, num estranho planeta chamado Terra, fruto unico do universo infértil!

Morte, Vincenzo Cardarelli

"Morrer sim,
não ser agredido pela morte
morrer convencido
de que uma tal viagem é a melhor.
E no último instante estar alegre
como quando se contam os minutos
do relógio da estação
e cada um vale um século.
Pois a morte é a esposa fiel
que vem em vez da amante traiçoeira,
não queiramos recebê-la como intrusa,
nem fugir com ela.
Muitas vezes partimos
sem licença!
No ponto de cruzar
num átomo o tempo,
quando a mais breve memória
de nós se esvairá."

Thursday, January 13, 2005

Recessão intelectual

Preparem-se!! Estamos à beira de novas eleições, e isso significa que temos de voltar a ouvir candidatos políticos fazerem promessas vazias, nas quais já ninguém acredita, discursos eloquentes que fazem bocejar de tédio todos os ouvintes, correrias loucas pelas feiras e transportes públicos... Haja paciência e boa vontade para ouvir as mesmas palavras de sempre, assitir a todos os comportamentos de antigamente, porque na política nada muda, ou se muda, é para pior! Não devia pensar assim, é um pensamento retrógada mas não consigo esconder o que sinto: um profundo desânimo pela classe política. Desde os partidos de esquerda aos partidos de direita, todos competem pela incompetência, para variar podíamos ouvir a verdade, que tanto nos custa a aceitar. O país está numa péssima situação social, económica e intelectual, as dívidas aumentam e os lucros diminuem e nós, os portugueses, dotados de uma força mítica, continuamos a rumar contra a maré. Mas não é só devido a questões económicas que nos afundamos num poço sem fundo, muitos dos nossos problemas passam por uma profunda crise de valores: Quais são os nossos principíos? O que nos leva a suportar o difícil fardo de viver dia após dia? Na minha opinião, a maior parte de nós não vive, sobrevive e, por outro lado, somos demasiado ignorantes! Não tenho dúvidas em afirmar que cada vez menos$ a realização pessoal de cada um passa pela busca do conhecimento. Os sábios estão a desaparecer porque cada vez menos acreditamos na existência deles... As universidades têm obrigação de ser pólos culturais, onde para além de se ensinar os alunos a memorizar e copiar, também se devia ensinar noções básicas de cidadania, com o fim de nos respeitrmos mais a nós próprios e aos outros... Isso como todos sabem é pura utopia! A minha geração, a maior parte são estudantes universitários, preocupa-se muito pouco com o estado do mundo, ou com quaisquer calamidades naturais que aconteceram ou possam vir a acontecer, desde que os centros comerciais continuem a crescer como cogumelos seremos felizes para sempre.

Tuesday, January 11, 2005

A vida como ela é!

Vivemos momentos de crise profundos! Não sabemos quem somos, o que fazemos ou o que queremos da vida, por isso acobardamo-nos e não lutamos por aquilo que realmente sonhamos. Assim acontece na profissão, no amor, nas relações que mantemos com os outros; a verdade é que nunca nos entregamos a 100%!
Actualmente são poucos aqueles que dizem que são felizes e menos ainda aqueles que lutam pela felicidade, habituámo-nos a não fazer nada, a ser passivos, desse modo, pensamos que é demasiado complicado ser feliz. E quando a felicidade nos bate à porta? Na maior parte dos casos fugimos dela ou nem sequer reparamos que está mesmo ali, ao pé de nós... É triste, mas é a realidade. Sempre podemos arranjar desculpas, como é tipíco do ser-humano, e dizer que nada nos corre bem, que a culpa é dos outros que não nos compreendem, mas, a verdade é que corremos sempre atrás do prejuízo. Muitas vezes acordamos tarde para a realidade, por isso defendo que uma vida, mesmo vivida em pleno, não é suficiente para nos orientarmos e saber o que é realmente importante! O tempo passa por nós à velocidade da luz, mas nós nem o sentimos, não é palpável! O que eu queria dizer com isto tudo, com estes rasgos de inspiração medíocre, é que tenho medo de viver, medo de arriscar, de jogar o tudo ou nada! Eu e quase todos os cidadãos portugueses... Deve ser por isso, que estamos onde estamos.