Saturday, December 10, 2005

falhanços

Sou completamente irresponsavel! No entanto por muito que o diga nunca altero nada daquilo que funciona mal. Quando dou algum passo na minha vida não tenho em conta que posso magoar ou ferir alguém. É verdade, sou muito ingrata e quando quero desculpar-me daquilo que fiz já é tarde demais,ou perco a coragem. Do pouco que eu já aprendi da vida, sei que os amigos são demasiado importantes para os perdermos, embora nunca lhes tenha dado o valor e o mérito que realmente merecem. Apenas me apercebo da sua verdadeira importância quando sinto que os perdi. Antes pensava que ter um namorado era mais importante do que ter amigos; hoje confesso que estava verdadeiramente enganada... O namorado passa, nunca fica e a relação complica-se sempre; ou nos tornamos muito próximos e dependentes o que acaba por se tornar claustrofóbico ou insustentável, ou por outro lado afastamo-nos e cada um leva a sua vida. Uma relação nunca dura muito tempo, não estou a dizer isto como caso universal, talvez haja raros casos em que o melhor amigo é simultaneamente namorado. Pode acontecer, quem sabe! Hoje, sei que os amigos estão sempre lá e na maior parte das vezes exigem pouco e não nos abandonam; mas ficam desiludidos e sentem a nossa falta e mesmo assim achamos muitas vezes que a existência deles é inútil.
Quando nos apercebemos que estamos num labirinto, ás portas da solidão é que nos lembramos deles, aqueles que sempre desprezei. Sei também que tudo o que escrevo neste momento não passa de palavras vãs, que se vão perder aqui no preciso momento em que as tiro da minha cabeça para as guardar nesta espécie de diário,o que é optimo porque assim sinto-me aliviada. A verdade é que nada vai melhorar e vou voltar a cometer os mesmos erros de sempre.

Wednesday, September 28, 2005

sem sentido

Amar é algo fantástico! Tudo muda quando amamos; tornamo-nos mais felizes, mais bonitos, parece que o mundo ganha novas cores, as cores da alegria. E recentemente descobri que não há idade para amar e ser amado. A minha avó tem 73 anos, é viúva e pelos vistos vive uma paixão avassaladora. É algo muito belo, amar aos 70 com todo o fulgor e juventude que se pensava só pertencer aos jovens. Espero q continue por muito tempo, que a felicidade seja eterna.

Sunday, August 14, 2005

Férias na aldeia

Vivo numa pequena aldeia rodeada de espaços verdes, tão calma que é possivel ouvir um grilo ou uma ave a uma centena de metros. Como todas as aldeias poruguesas é muito pequena, falta tudo ou quase tudo... O movimento é nulo, o silêncio é constante e em dias de calor como estes que se têm sentido ultimamente, a solidão é profunda. Apenas aqui e ali se ouve o latir de alguns cães que se fazem anunciar. É verdade que viver aqui é um tédio profundo, pelo menos, para os jovens como eu. A calma, o silêncio, a inércia total, o descanso forçado amedrontam-me e sinto medo de ficar aqui para sempre. A beleza natural da minha aldeia é deslumbrante, pelo menos na minha opinião, mas a pacatez desta terra é assustadora. Aqui vivem pessoas velhas e novas e há poucos jovens, visto que é uma terra com poucas oportunidades, e todos eles querem fugir. Daqui a vinte anos também a minha aldeia ficará deserta, então finalmente irá aparecer no mapa como terra desertificada, mais uma para as estatisticas!
O que é que afasta tanto os jovens como eu das aldeias? Porque é que desprezamos desta maneira a nossa terra? Ela não nos dá grandes oportunidades... Não nascemos para cuidar da terra, para nós a agricultura está confinada às prateleiras de supermercado, somos tão citadinos como qualquer jovem que tenha nascido na cidade, ou seja, somos tão ignorantes nesta matéria como eles, ou talvez ainda mais. Esta situação é constrangedora e não me deixa satisfeita. A verdade é que as aldeias irão extinguir-se em breve, os fogos são cada vez mais abundantes, a desertificação cada vez mais evidente, não vai restar nada, a não ser saudades...

Tuesday, July 19, 2005

O calor continua

O verão quente de 2005 não tem fim à vista! As temperaturas continuam altas, muito altas, altissímas. Não há ninguém que aguente. O pior de tudo para mim é que há acéfalos que apreciam as temperaturas exorbitantes, o calor infernal que se faz sentir! Estou farta disto. Venha daí um ciclone, pode ser um pequenino para começar. Senão o país vai mesmo ficar de tanga!!

Friday, July 15, 2005

sem título

Apetece-me escrever mas não sei sobre quê. Neste momento não estou a pensar em nada, ou melhor estou a pensar que era ter algo interessante para escrever, mas não tenho ideias ou qualquer rasgo de criatividade. Sou um deserto de ideias à semelhança do país em que vivo que a pouco e pouco vai ficando mais seco, mais pobre, mais estéril. Se chovesse tudo mudava, no país e em mim, assim poderia dizer que finalmente tinha chovido, após longos meses de Verão, e de novo a natureza ganhava vida, do mesmo modo que eu ouviria o som da chuva a cair e sentiria o cheiro da terra fresca... Já nem me lembro do som da chuva a cair na terra, na copa das árvores, nas poças de água que se vão formando à medida que o tempo passa. Essas recordações para mim estão tão longínquas que sinto uma profunda saudade da chuva!

Saturday, July 09, 2005

Eternas férias

O Verão começou! Com a chegada do Verão também vieram as férias grandes; e como o nome lhes assenta bem! Os longos e sonolentos dias de Verão são intermináveis, entediantes, quase eternos, não têm principio nem fim, pois o calor prolonga-se pelo dia e pela noite fora e o azul carregado do céu é tão forte que amedronta mais do que um dia de tempestade. Confesso desde já que não gosto do Verão. Deixa-me de tal maneira mole que em certas alturas o acto de mexer um membro que seja chega a ser um verdadeiro desafio, não me movo. Arrasto-me pela casa vazia, escura e felizmente fresca, sem destino nem rumo, outras vezes durmo horas sem fim, páro no tempo e entro em estivação.
Eu bem tento ler um livro, ver um filme, ouvir música, ou seja, fazer algo que me ocupe a mente e impeça a sonolência, mas é impossível. O calor é demasiado intenso e a preguiça, esta horrível doença de que padeço, demasiado presente, logo os dias e as noites repetem-se a um ritmo dramático e ao fim da primeira semana de férias já não sei que dia é nem em que mês estou.
Esta altura do ano é também uma altura de reflexão, mais um ano escolar que passou e muitos objectivos ficaram por cumprir... No princípio do ano lembro-me de ter esboçado um plano contra a inércia: viagens, desporto, cursos extra-curriculares, obviamente não fiz nada! Fica para o ano pensei eu ao ver a agenda. Mas nem tudo foi mau, nestes meses também aprendi bastante e estou a tentar dar-me mais valor como pessoa!
Bem, o Verão ainda agora começou é preciso ter mente aberta e um ar descontraído. O calor não vai desaparecer por isso, para meu próprio bem, é melhor que eu me habitue a ele!

Wednesday, June 29, 2005

Fugas do mundo

A sensação de fuga é das melhores do mundo. O simples gesto de nos metermos num comboio, num autocarro ou mesmo num avião e desaparecer por uns tempos é uma sensação fantástica, porque deixamos sempre algo para trás e seguimos em frente, à descoberta! Isso é sempre fascinante. E todas as pequenas coisas, todas as pequenas descobertas, todos os pequenos projectos idealizados ganham forma quando perdemos o olhar numa paisagem indiferente, sem quaisquer pressões. Quem é que nunca sonhou acordado quando faz uma viagem longa, vagarosa, contemplativa ao fim da tarde? Nessa altura todos sonhamos ser donos do mundo.
Recentemente convivi com duas estudantes erasmus que vieram para Portugal e estiveram cá durante um ano; aprenderam a língua, assimilaram alguns hábitos culturais e passearam muito. No fim, quando chegou a altura de voltar para a Polónia estavam tristes porque começavam realmente a gostar do país... Uma delas disse-me que queria viver intensamente todos os momentos porque brevemente acabaria o curso, começaria a trabalhar e seria assim durante pelo menos trinta anos até atingir a reforma e estagnar para sempre! Ficámos ambas caladas e nesse momento tenho a sensação que pensámos exactamente o mesmo: o tempo é tão escasso!

Tuesday, January 25, 2005

Visões

Hoje, enquanto estava aborrecida e entediada de estudar uma língua sem nexo: o castelhano, reparei para um pormenor muito belo, bem, na verdade até era bastante comum. Em cima de uma árvore estava um pássaro, um melro que é simplesmente o meu pássaro favorito e ali estava ele, de perfil para a janela, ausente, estranho, convencido da sua liberdade,mas esteve ali durante muito pouco tempo, num ápice partiu. Para onde é que ele foi? Julgo que nunca o saberei, talvez nem o melro saiba porque voou para outro lugar qualquer, apenas lhe apeteceu partir, logo partiu! Essa é a principal diferença entre ele, o pássaro, e nós, os humanos. O melro pode fazer o que lhe apetece, já nós estamos sempre presos a algo ou a alguém e arranjamos sempre uma série de pretextos para não nos mexermos, ao contrário do pássaro que é um ser "instintivo" nós somos seres "pensantes" mas isso não nos torna superiores, pelo contrário, ele é bem mais feliz porque vive, enquanto nós ponderamos quando é que é a melhor altura para começar a viver! O bom senso é inibidor da acção e quanto menos se age mais vontade se tem de ficar inapto! Assim se vive, num estranho planeta chamado Terra, fruto unico do universo infértil!

Morte, Vincenzo Cardarelli

"Morrer sim,
não ser agredido pela morte
morrer convencido
de que uma tal viagem é a melhor.
E no último instante estar alegre
como quando se contam os minutos
do relógio da estação
e cada um vale um século.
Pois a morte é a esposa fiel
que vem em vez da amante traiçoeira,
não queiramos recebê-la como intrusa,
nem fugir com ela.
Muitas vezes partimos
sem licença!
No ponto de cruzar
num átomo o tempo,
quando a mais breve memória
de nós se esvairá."

Thursday, January 13, 2005

Recessão intelectual

Preparem-se!! Estamos à beira de novas eleições, e isso significa que temos de voltar a ouvir candidatos políticos fazerem promessas vazias, nas quais já ninguém acredita, discursos eloquentes que fazem bocejar de tédio todos os ouvintes, correrias loucas pelas feiras e transportes públicos... Haja paciência e boa vontade para ouvir as mesmas palavras de sempre, assitir a todos os comportamentos de antigamente, porque na política nada muda, ou se muda, é para pior! Não devia pensar assim, é um pensamento retrógada mas não consigo esconder o que sinto: um profundo desânimo pela classe política. Desde os partidos de esquerda aos partidos de direita, todos competem pela incompetência, para variar podíamos ouvir a verdade, que tanto nos custa a aceitar. O país está numa péssima situação social, económica e intelectual, as dívidas aumentam e os lucros diminuem e nós, os portugueses, dotados de uma força mítica, continuamos a rumar contra a maré. Mas não é só devido a questões económicas que nos afundamos num poço sem fundo, muitos dos nossos problemas passam por uma profunda crise de valores: Quais são os nossos principíos? O que nos leva a suportar o difícil fardo de viver dia após dia? Na minha opinião, a maior parte de nós não vive, sobrevive e, por outro lado, somos demasiado ignorantes! Não tenho dúvidas em afirmar que cada vez menos$ a realização pessoal de cada um passa pela busca do conhecimento. Os sábios estão a desaparecer porque cada vez menos acreditamos na existência deles... As universidades têm obrigação de ser pólos culturais, onde para além de se ensinar os alunos a memorizar e copiar, também se devia ensinar noções básicas de cidadania, com o fim de nos respeitrmos mais a nós próprios e aos outros... Isso como todos sabem é pura utopia! A minha geração, a maior parte são estudantes universitários, preocupa-se muito pouco com o estado do mundo, ou com quaisquer calamidades naturais que aconteceram ou possam vir a acontecer, desde que os centros comerciais continuem a crescer como cogumelos seremos felizes para sempre.

Tuesday, January 11, 2005

A vida como ela é!

Vivemos momentos de crise profundos! Não sabemos quem somos, o que fazemos ou o que queremos da vida, por isso acobardamo-nos e não lutamos por aquilo que realmente sonhamos. Assim acontece na profissão, no amor, nas relações que mantemos com os outros; a verdade é que nunca nos entregamos a 100%!
Actualmente são poucos aqueles que dizem que são felizes e menos ainda aqueles que lutam pela felicidade, habituámo-nos a não fazer nada, a ser passivos, desse modo, pensamos que é demasiado complicado ser feliz. E quando a felicidade nos bate à porta? Na maior parte dos casos fugimos dela ou nem sequer reparamos que está mesmo ali, ao pé de nós... É triste, mas é a realidade. Sempre podemos arranjar desculpas, como é tipíco do ser-humano, e dizer que nada nos corre bem, que a culpa é dos outros que não nos compreendem, mas, a verdade é que corremos sempre atrás do prejuízo. Muitas vezes acordamos tarde para a realidade, por isso defendo que uma vida, mesmo vivida em pleno, não é suficiente para nos orientarmos e saber o que é realmente importante! O tempo passa por nós à velocidade da luz, mas nós nem o sentimos, não é palpável! O que eu queria dizer com isto tudo, com estes rasgos de inspiração medíocre, é que tenho medo de viver, medo de arriscar, de jogar o tudo ou nada! Eu e quase todos os cidadãos portugueses... Deve ser por isso, que estamos onde estamos.